Eleonore Koch

Eleonore Koch - Sem Título

Sem Título

carvão sobre papel
49 x 60,5 cm
Eleonore Koch - Sem Título

Sem Título

técnica mista sobre papel
21 x 30 cm
Eleonore Koch - Sem título

Sem título

carvão sobre papel
82 x 54 cm
assinado
Eleonore Koch - Vaso de Planta

Vaso de Planta

carvão sobre papel
1981
76 x 55 cm
assinado

Eleonore Koch (Berlim, Alemanha 1926)

Pintora, escultora.

Chega ao Brasil em 1936. Inicia sua formação artística com Yolanda Mohalyi (1909 - 1978), Elisabeth Nobiling (1902 - 1975), Flexor (1907 - 1971) e, a partir de 1947, com Bruno Giorgi (1905 - 1993). Faz viagem de estudos a Paris em 1949 e freqüenta os ateliês de escultura de Arpad Szenes (1897 - 1985) e Robert Coutin (1891 - 1965). De volta a São Paulo, em 1952, atua como cenógrafa na TV Tupi. Por intermédio de Geraldo de Barros (1923 - 1998), torna-se secretária de Mário Schenberg (1914 - 1990) e César Lattes (1924 - 2005), na Universidade de São Paulo - USP. Conhece por intermédio de sua mãe, a psicanalista Adelheid Koch, o colecionador Theon Spanudis (1915 - 1985), que a apresenta ao pintor Alfredo Volpi (1896 - 1988), com quem continua sua formação. Recebe grande influência do pintor, de quem passa a ser considerada a única discípula. Integra as edições de 1959 a 1967 da Bienal Internacional de São Paulo. Fixa residência em Londres a partir de 1968, onde é apoiada por um grande colecionador, e trabalha como tradutora juramentada junto à Justiça inglesa. Em 1979, participa da exposição Coleção Theon Spanudis, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP, realizada para comemorar a doação feita pelo colecionador ao museu. Participa da mostra Volpi: Permanência e Matriz: Sete Artistas de São Paulo, na Montesanti Galleria de São Paulo, em 1986. Volta a viver no Brasil em fins da década de 1980.

Comentário Crítico

Conhecida como a única discípula do pintor Alfredo Volpi (1896 - 1988), Eleonore Koch tem uma trajetória ainda pouco estudada pela crítica de arte no Brasil. Inicia sua formação como escultora, mas centra sua produção na pintura a partir dos anos 1950.

À primeira vista, sua obra encontra semelhanças com a pintura metafísica italiana. O crítico e colecionador de arte Theon Spanudis identifica certa sacralização na representação dos objetos. Entretanto, a ênfase dada aos planos de cor que se evidenciam na superfície da tela, transpassados por objetos desenhados por uma linha firme, distancia seu trabalho daquele de figuras como Giorgio De Chirico (1888 - 1978), para quem a pintura é, sobretudo, um veículo de valores e questionamentos filosóficos e morais. É certo que Koch não segue a trajetória do figurativismo à abstração que caracteriza os artistas que a influenciam.

A artista nunca abdica da representação do mundo com base em objetos e paisagens. Mas a ausência de um caráter alegórico ou narrativo e a ordenação meticulosa das áreas de cor em tensão com a representação em perspectiva (como, por exemplo, em Traves, 1957), apontam em outra direção: assim como na pintura de Volpi, na qual bandeirinhas, portas e janelas não são meras alegorias ou símbolos da cultura brasileira, mas objetos plásticos com os quais o artista procura explorar arranjos formais e de cor, as coisas representadas por Koch evocam a memória dos objetos cotidianos, sem ocultar o caráter sensorial da pintura. Ela não procura reduzi-la a um mero veículo de emoções ou sentimentos. A lição de Volpi, que via no ato de "resolver o quadro" a tarefa básica do pintor,1 é certamente aprendida pela artista.

Sua obra contribui para a investigação de questões pertinentes à pintura, em especial no tocante à dicotomia entre cor e linha. A relação que sua pintura estabelece com os objetos representados se desvia de uma atitude contemplativa. Vê-se que é do constante embate entre as superfícies de cor, trabalhadas com o auxílio da têmpera, e os objetos nitidamente representados, que se faz a tensão permanente de seus quadros. A imobilidade resultante decorre menos de uma postura passiva diante de uma cena do que da representação de um jogo de forças que resulta um equilíbrio tenso, no qual nem cor nem desenho preponderam.

Nota
1 MAMMì, Lorenzo. Volpi. São Paulo: Cosac e Naify, 1999. 2ª reimpressão 2006. p. 17.

Críticas

"Sacraliza os objetos de uso diário. Contra a nossa mania profana de usar tudo como objeto de imediato consumo, ela reganha para o simples objeto a sua dimensão sacral. Os amplos espaços sensíveis (que não são os espaços vazios e mortos dos matemáticos e cientistas) fazem parte integral da sua intenção de ressacralizar o objeto perdido no fluxo constante do consumo mecânico. Uma secreta poesia emana dos seus coloridos, objetos, configurações estranhas e seus espaços amplos e humanos. Uma das mais originais e valiosas figuras da pintura brasileira atual".
Theon Spanudis
ARTE transcendente: exposição de pintura. Apresentação de Luiz Seraphico. Texto de Theon Spanudis. São Paulo: MAM, 1981.

Exposições Individuais

1952 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Ambiente
1956 - São Paulo SP - Individual, no MAM/SP
1960 - São Paulo SP - Individual, na Galeria São Luís
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Petite Galerie
1964 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Seta

Exposições Coletivas

1948 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Belas Artes - Menção Honrosa
1952 - São Paulo SP - 2º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de prata
1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1956 - São Paulo SP - 5º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição 
1957 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1958 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1961 - Rio de Janeiro RJ - 10º Salão Nacional de Arte Moderna 
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf,  MAM/SP
1963 - São Paulo SP - 7º Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1965 - Rio de Janeiro RJ - Exposição do acervo da Galeria Goeldi
1965 - São Paulo SP - 8ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1966 - Londres (Inglaterra) - Salão da Mercury Gallery
1967 - São Paulo SP - 9ª Bienal Internacional de São Paulo, na Fundação Bienal
1968 - Londres (Inglaterra) - Exposição da Redmark Gallery
1978 - São Paulo SP - Construtivistas e Figurativos da Coleção Theon Spanudis, no Centro de Artes Porto Seguro
1979 - São Paulo SP - Coleção Theon Spanudis, no MAC/USP
1981 - São Paulo SP - Arte Transcendente, no MAM/SP
1982 - Bilbao (Espanha) - Arteder 82: Muestra Internacional de Arte Gráfica
1986 - Rio de Janeiro RJ - Permanência e Matriz: 7 Artistas de São Paulo, na Galeria Montesanti
1986 - São Paulo SP - Volpi Permanência e Matriz: 7 artistas de São Paulo, na Galeria Montesanti Roesler
1999 - São Paulo SP - 6º Salão de Artes e Antiguidades, na A Hebraica
2003 - São Paulo SP - Natureza Morta, no Espaço Cultural BM&F

Fonte: Itaú Cultural